Sílvia Sibalde
Desde dezembro do ano passado, quando a prefeitura sancionou a lei que regulamenta a comida de rua em São Paulo, vimos a cidade sendo invadida por kombis que vendem de sanduíches a sucos, passando por pratos, sobremesas, bebidas e tudo mais que possa ser ofertado como refeição rápida. Sucesso nos Estados Unidos e na Europa, essa moda vem pegando por aqui.
Para quem tem vontade de abrir o próprio negócio, e não tem grana suficiente para arcar com o alto custo de um restaurante e ainda ter a liberdade de “ir e vir”, os trucks têm se mostrado uma boa alternativa. Mas, para quem também não tem o dinheiro para o investimento em um carro adaptado (um truck pode custar até R$ 300 mil), a bicicleta pode ser um caminho.
Além do investimento ser muito mais baixo do que uma Kombi ou um pequeno caminhão ou trailer, a bicicleta é um veículo de transporte não-poluente e, muitas vezes, mais rápido do que o carro. Ainda mais no trânsito travado de uma metróple como São Paulo.
Pensando em todas essas vantagens, alguns empreendedores resolveram apostar na magrela. É o caso de Danilo Tanaka, dono da Bike Burguer, desde setembro nas ruas. Sob a influência do pai, que tinha a filosofia do “faça você mesmo”, ele desenhou como queria sua bike a partir de um modelo de bicicleta cargueira e participou da montagem do veículo. “Demoramos três meses para montar o triciclo com todas as adaptações de que precisava o meu negócio”, conta.
Fotógrafo por formação, Tanaka teve essa ideia há mais ou menos três anos, quando resolveu trocar o carro pela bicicleta. “A bicicleta é o veículo ideal, porque além de ser limpo e econômico, me trouxe mais saúde e disposição”, diz. “Pedalava 22 Km até o trabalho, que fazia em mais ou menos uma hora. Depois, quando me mudei, esse caminho passou a ser de 10 Km, o que dava 30 min. de pedalada”.
“O prazer de cozinhar veio com o casamento; cozinhávamos para os amigos e num desses encontros em que fizemos hambúrgueres, surgiu a ideia de aliar estas duas paixões”. Para testar a dinâmica de trabalho na cozinha, Danilo passou a fazer hambúrgueres às sextas-feiras em um lava-rápido próximo à editora onde trabalhava. Lá, o pessoal se reunia para o happy hour e também para comer seus hambúrgueres.
“Quando veio a lei, decidi que esse era o momento de colocar em prática o meu projeto”, diz. O triciclo conta com um baú refrigerado, que carrega toda a sua base de trabalho, um sistema de 10 marchas e um motor elétrico para aguentar o peso da bike carregada. “Hoje eu tenho muito mais trabalho, mas me sinto realizado, feliz”, confessa Danilo.
Geladinhos
Quem também resolveu aproveitar a praticidade de uma food bike foram os primos Vitor e Alice Mortara e Malu Risi. Juntos criaram o Le Sacolé, que circula nos bairros de Pinheiros e da Vila Madalena vendendo geladinhos.
O investimento inicial do grupo foi de aproximadamente R$ 500, com a reforma da bicicleta e na compra de matéria-prima para a produção dos geladinhos, que são feitos com suco natural e pouco açúcar. “Resolvemos fazer para ganhar uma grana a mais, mas não pretendemos largar o que fazemos hoje. Adoraríamos ver mais gente fazendo isso também”, diz Vitor Mortara.
Vitor é estudante de Letras e trabalha como barista; Alice é estudante de Matemática e estagiária em uma escola; já Malu é artista plástica e trabalha como design. O horário mais flexível de trabalho de ambos lhes permitem investir tempo na ideia empreendedora.
O grupo aposta em sabores bem diferentes – laranja com manjericão, limão siciliano com alecrim, maracujá com gengibre, morango com creme de avelã, uva integral, limão com erva cidreira, mate com pêssego, café e detox. Há ainda opções com álcool – cosmopolitan, caipirinha e gim tônica.
Há flores no caminho
Quem circula pela zona oeste de São Paulo já deve ter cruzado com alguma bicicleta carregada de arranjos de flores. Fruto de um projeto que uniu duas paixões, – bicicleta e flores – a floricultura ambulante, de Marina Gurgel e Tatiana Pascowitch traz um pouco de cor e leveza à cidade desde abril de 2013.
“Sempre gostamos de flores e poder trabalhar com isso é muito gratificante pra nós”, diz Marina. Antes disso, Marina trabalha como jornalista e sua sócia, Tatiana, como produtora de eventos.
Além de utilizarem a bicicleta para a entrega das flores (ao todo são quatro), a floricultura criada por Marina e Tatiana não trabalha nos moldes tradicionais. Por meio do site, o cliente escolhe o tamanho do arranjo que quer e dá informações a respeito da ocasião e do presenteado; a partir daí, elas montam a composição com as flores do dia, compradas no Ceagesp.
Serviço:
Bike Burguer
Le Sacolé
facebook.com/lesacolegeladinhos
A Bela do Dia